quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Michael W. Smith: muito além dos clichês

"Me dá um pão, moça..."

Michael W. Smith é um desses cantores capazes de se reinventar com o passar do tempo, amadurecer musicalmente e nos surpreender depois de 20 anos de carreira. Para uns, ele é apenas o dono de metade das canções que as igrejas cantam em uníssono - Let It Rain, Open The Eyes Of My Heart, You Are Holy e Above All são exemplo disso. Para mim, é um ícone pop que soube sobreviver ao fim dos anos 80.

Inicialmente dono de um mullet proeminente, Michael W. Smith investiu pesado em canções alegres, repletas de sintetizadores e com bases dançantes - semelhantes às que faziam A-HA, Depeche Mode e outros grupos oitentistas do gênero. No entanto, mesmo em meio a tantos ruídos digitais, o lado pianista sempre esteve presente em seus álbuns.

Canções como Friends e Place In This World acabaram por se tornar hinos de uma geração de jovens que envelheceu e se manteve fiel ao artista. Não é preciso assistir muitos vídeos no Youtube para notar que as primeiras filas possuem, majoritariamente, senhorinhas de 40 e 50 anos que, provavelmente, eram adolescentes quando o moço de olhos azuis surgiu na TV pela primeira vez.

Admirado por um grande grupo de pessoas, Michael não se conformou em viver dos hits do passado e começou seu processo de reinvenção musical. Flertando cada vez mais com o rock, apostou em pianos crus e guitarras distorcidas, conquistando espaço no mercado e a simpatia de novos ouvintes. Missing Person e Signs apresentam um quarentão jovial, atento às mudanças da música nos anos 90.

Tentando se firmar como compositor e músico de qualidade, lançou até mesmo um disco instrumental, intitulado Freedom - como sabe-se, "liberdade". Carol Ann e A Beautiful Mind comprovam o grau de domínio do instrumento - algo no nível de Jean-Yves Thibaudet. Hibernia e Freedom Battle mostram que Michael W. Smith também é capaz de escrever bem uma peça completa, com corda, sopro e tímpanos.

Rótulo Brasileiro

A imagem que cultiva no Brasil, porém, difere muito do real Michael W. Smith. Após lançar dois discos de adoração nos anos 2000, suas canções se tornaram símbolo dos movimentos emergentes encabeçados por David Quinlan e derivados. O cantor americano passou a ser venerado como o "pai da música de adoração" e seus DVDs rodaram até nas igrejas mais tradicionais.

Neste sábado (jan 14, 2012), verei a apresentação do cantor pela primeira vez durante o Jesus Vida Verão. Sei que boa parte do público deseja ver um culto ao ar livre, musicado pelas versões originais das canções que ouvem na igreja. Espero que, em respeito aos que o acompanham desde os primeiros discos, Michael W. Smith vá além dos clichês em que o prenderam e novamente nos surpreenda com clássicos antigos.

A playlist que gostaria de ouvir no sábado Desejo parcialmente realizado: o Michael W. Smith cantou quatro das doze músicas que eu havia listado:


- Go West Young Man



- Secret Ambition



- Rocketown



- I Will Be Here For You



- Friends



- Missing Person



- Signs



- Cry For Love


- Here I Am


- I'll Lead You Home



- Place In This World



- Healing Rain