segunda-feira, 30 de maio de 2011

bandas do cinema que deveriam ter existido

O sucesso de uma obra cinematográfica depende da qualidade do roteiro, da interpretação dos atores, dos figurinos, dos cenários, entre outros pontos técnicos relevantes - alguns nem tanto. Ao longo da história do cinema americano, não faltam obras que reverenciam a própria indústria cultural: "O Aviador" (2004), de Scorcese, conta a história de Howard Hughes, produtor conhecido por torrar dinheiro em mega-produções; "Dirigindo no Escuro" (2002), de Woody Allen, brinca com a subjetividade dos filmes franceses ao contar a história de um diretor que fica cego no meio das gravações.

O mais comum, porém, é encontrar filmes que fazem referência à indústria musical. E nestes casos, os produtores de Hollywood sabem que as composições são tão fundamentais quanto as atuações dos atores e de todo o corpo técnico. Nomes de peso são contratados para produzir canções belíssimas, que transcendem a barreira da ficção para ganhar vida em regravações na voz de artistas reais.

Sou fã assumido de obras do gênero e tenho minha listinha de bandas fictícias que deveriam ter existido na vida real. Compartilho algumas delas com vocês:

- Stillwater; "Quase Famosos" (2000), de Cameron Crowe

O filme conta a história de um jovem jornalista (o próprio Crowe na adolescência) que ganha a chance de publicar na Rolling Stone uma entrevista com o Stillwater, grupo fictício que lembra muito o Led Zeppelin -- na vida real, Crowe entrevistou o Neil Young ainda jovem (young, jovem, pegou o trocadilho?)



- Pop; "Letra e Música" (2007), de Marc Lawrence

O filme marca a redenção de Alex Fletcher (em uma interpretação hilária de Hugh Grant), um ex-integrante da Pop, boy band dos anos 80, que não teve sucesso na carreira solo. O clipe do maior hit da banda é um exímio trabalho de recomposição (palmas para a cenografia e o figurino) de elementos típicos da década de 80. E o filme tem um dos melhores diálogos que já ouvi sobre a relação entre letra e música:
"A melodia é como ver alguém pela primeira vez. É a atração física. É o sexo. E o conhecimento do outro é a letra. A história dos dois, quem são de verdade. É dessa combinação que nasce uma grande canção"
Assista ao clipe. É realmente muito engraçado. Só dá para assistir no Youtube.

- Ruckus; "Tudo Acontece em Elizabethtown" (2005), Cameron Crowe

Cá estamos nós novamente em um filme do Cameron Crowe. Talvez a experiência como repórter da Rolling Stone durante décadas, ou o casamento com Nancy Wilson, guitarrista do Heart nos anos 80', tenham influenciado a sensibilidade musical de Crowe. A trilha sonora do filme é uma verdadeira aula de folk e me apresentou a cantores como Tom Petty, Ryan Adams, Lindsey Buckingham (ex-integrante do Fleetwood Mac), entre outros.

Mas estamos aqui para falar da Ruckus, certo? A banda nem aparece tanto no filme porque o vocalista e baterista do grupo é primo do protagonista. Mas é deles a melhor música do filme: "Same In Any Language", originalmente composta por ninguém mais, ninguém menos, que My Morning Jacket. Precisa dizer mais? Sim, precisa. Caso não tenha interesse em assistir ao filme, assista-o pela cena final, quando o Ruckus volta à ativa para executar Free Bird, clássico do rock, em um funeral. Genial!



- The Wonders; "The Wonders: O Sonho Não Acabou" (1996), de Tom Hanks

Pouca gente repara neste filme, perdido no meio da gigantesca filmografia de Hanks -- entre "Apollo 13" e "Resgate do Soldado Ryan". Estreia dele como diretor, o filme conta a ascensão meteórica do grupo The Wonders, uma alusão clara aos Beatles -- na verdade, eles são tratados como concorrentes, já que a banda de Liverpool é citada mais de uma vez. Todo o ambiente dos anos 60 é recriado com carinho, incluindo inúmeros artistas fictícios -- eu procurei por discos do Del Paxton e fiquei triste ao saber que o jazzista nunca existiu. O filme vale a pena e as canções garantem um sorriso mesmo em quem o assiste pela milésima vez -- como eu!


De longe, o meu favorito!