O título do post parece utópico, mas não é. Se você assiste um pouco de televisão, deve ter observado a grande quantidade de propagandas de discos evangélicos na Globo. A Som Livre, responsável pela distribuição de grandes nomes da música brasileira, assumiu há algum tempo a tarefa de divulgar também artistas que você conhece bem, dentre estes Diante do Trono, 'Irmão' Lázaro e Aline Barros.
Raciocine um pouquinho: que interesse, senão o dinheiro, levaria uma empresa do porte da Som Livre a investir em artistas cristãos, inserindo na grade de programação da Globo - historicamente arredia no que diz respeito ao relacionamento com os protestantes -? Caminhamos a passos largos, segundo estimativa baseada no último censo do IBGE, para o número de 50 milhões de evangélicos no país. É um grande mercado em expansão.
Ande pelos shoppings, mercadinhos e outros cantos de sua cidade onde, anos atrás, lojas de discos brigavam por um metro quadrado. A Livraria El Shadday, a Livraria Doce Presença do Espírito Santo e outras de nomes super criativos denunciam a realidade: os 'crentes' são os únicos que ainda entram em loja para comprar um CD. E sem ouvir ainda por cima, baseados na boa-fé dos vendedores hiper-capacitados (ironia, ok?).
Quer um cenário melhor que este para investir?
A esta altura do texto, você, artista independente deve pensar: "puxa, estou com o futuro garantido". Quem dera esta fosse a verdade. Ao contrário do mercado independente secular, que lota casas de show na cena underground, os cristãos penam por uma igreja que os receba em cultos de jovens e atividades alternativas. Isto é, apenas os que se enquadram em um rótulo pré-definido. 'Crentes', infelizmente, tendem a ser preconceituosos - e muito.
Resta aos expurgados o mercado marginal, hoje, a internet. Poucas gravadoras cristãs - e seculares - abriram a cabeça para esta nova e potente mídia. Graças a Deus, neste espaço democrático, homens como o Eduardo Mano conseguem se fazer ouvidos - ainda que em quantidade menor que realmente mereçam.
Difícil, porém, é para eles sobreviver exclusivamente da arte. Se os grandes nomes, como Gérson Borges e João Alexandre, não sai aceitos em qualquer espaço, que dirão Palavrantiga, Crombie e Velho Irlandês com suas letras ricas de poesia, verdade, e vazias do falso cristianismo pregado nas igrejas (para saber e discutir mais sobre o assunto, leia o blog do Thiago Bomfim).
Que venham mais e mais ideias criativas de divulgação, que possamos nos unir para, de alguma forma, recompensar os bons artistas que por aqui surgem. Se as majors estão de olho nos grandes-pequenos artistas, reféns do rótulo estabelecido por eles mesmos, os blogs devem estar de olho nos pequenos-grandes, os quais realmente trarão a Mensagem libertadora e confortadora do Cristianismo da cruz.
A música cristã, afinal, não deve ser a salvação do mercado, mas do Homem.