terça-feira, 4 de agosto de 2009

Stockholm Syndrome: Derek Webb remodela a roda da música cristã

Há exatos 369 dias, Derek Webb escreveu no Noisetrade:
This SYNTHAR album is killing me… [...] beautiful, melodic, synth-based music. gimme one good reason why you shouldn’t download it NOW… :)

Este disco do Synthar está me matando [...] música bonita, melódica, feita em sintetizadores. Me dê uma boa razão porque você não deveria baixá-lo agora...
Ensaiei escrever algumas vezes sobre o Synthar no alforria.net, fiz até um review - que pela misericórdia do Mark foi parar na Revista Paradoxo - mas não o publiquei neste blog. "Que raios ele está falando?", pergunta o caro leitor. Muita calma nesta hora.

Este post ainda é sobre o novo disco do Derek Webb, o magnífico - adianto aqui minha impressão - Stockholm Syndrome. Cito o Synthar porque, creio eu, este novato grupo cristão é uma das maiores influências do transformado som de Webb, ao lado dos seculares Radiohead e Beatles.

O que estas bandas têm em comum? Todas investiram no experimentalismo. Radiohead e Synthar se comparam pela mistura de rock alternativo e música eletrônica. Dentro do que a tecnologia permitiu, os Bealtes também experimentaram - Sgt. Peppers é prova irrefutável.
Há algo de belo na melancolia que não consigo absorver, só amo. E essa sensação permeia o novo disco de Derek Webb, algo comum a Synthar, Beatles e Radiohead. É impossível não sorrir e chorar ao adentrar o universo encantado, onde violões tomaram forma de sintetizadores.

Sim, o cantor abandonou - criativamente, diga-se - seu maior companheiro de estrada. Foram 16 anos de folk - dez à frente do Caedmon's Call. Baterias eletrônicas, loops intermináveis de diferentes timbres e um vocal sempre recheado de surpresas despertam um Derek Webb desconhecido. Livre do rótulo que o consagrou, voa mais alto. E melhor.

Só para pinçar algumas preciosidades: Black Eye tem uma batida agoniante, montada com diferentes ruídos incomuns, tensos. O coro é quase um oásis. Cobra Con tem uma referência clara a I Wanna Hold Your Hand, dos Beatles. Freddie, Please parece remix de canções dos anos 60. Jena & Jimmy ficaria perfeita em uma pista de dança.

Conhecido pela língua afiada, Derek Webb não deixou as letras polêmicas de lado. Na já controversa What Matters More - que parece ter sido retirada de um disco do Synthar -, Webb pergunta:
Nós podemos conversar e debater até ficarmos azuis sobre qual língua e tradição que Ele virá salvar. Enquanto isso, permanecemos sentados, 'cagando' para o problema, e cerca de 50 mil pessoas morrem hoje. Diga-me, irmão, o que importa mais para você?" (perdão pela tradução meia-boca).
Não bastasse todo o novo universo musical construído - que servirá de Norte para muitos artistas em formação - Webb se adaptou bem ao mercado, mostrando estar adaptado aos novos modelos de divulgação pela internet. Construiu um belo jogo-divulgação para o disco, com direito a perfil no twitter. A venda do álbum está sendo feita pelo site oficial, no estilo 'pague quanto quiser'.

Em Stockholm Syndrome, Derek se consagra como a grande referência de música cristã alternativa dos anos 00', continua a bater na religiosidade e vence as barreiras do mercado fonográfico com criatividade. Marca a música contemporânea e deixa um dos melhores discos da história que, sem dúvida, meus filhos irão ouvir. E reverenciar.