quarta-feira, 4 de maio de 2011

quantas perguntas.

Me incomoda como deixamos nossas críticas sociais de lado para pregar uma mensagem, em muitos casos, desconexa da realidade. Não basta, por exemplo, dizer ao mendigo que Deus pode dar a ele um emprego, é preciso antes dar um pão e saciar sua fome.

Questões óbvias, vistas diariamente, mas que são encobertas pela músicas cristã. Deveríamos ser os mais críticos, não os mais passivos -- ou não foi Jesus quem enfrentou as classes dominantes de fariseus e saduceus em prol dos pequeninos.

Onde está a nossa coragem de entrar no templo com um chicote em mãos e expulsar os que corrompem os pobres, os que comercializam a fé, os que tratam a política com descaso e alimentam seus próprios bolsos? A indignação não mora na voz dos cristãos?

Até quando vamos demorar a entender o que Paulo diz em Romanos 12 ao citar cultos racionais e nos presentear com um belo puxão de orelha:
"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente" (Versão Almeida Revisada)
Faltam compositores dispostos a sair da redoma protecionista das igrejas, que entendam que é preicso glorificar a Deus, mas também trabalhar para Ele denunciando o que há de errado e mostrando o caminho da mudança: a Cruz, o arrependimento e a mudança.


Quem quiser experimentar esse desabafo em forma de música pode ouvir "Quinta Pergunta", composição que fiz para o Alforria. Talvez agora os versos faça mais sentido:
"De que adianta fingir que sorri / felicidade não se compra aqui / Como viver sem o amor praticar / se até tua gravata tenta te enforcar"
Triste pensar que nós, cristãos, falemos tanto em transformar o mundo, alcançar pessoas, enquanto o Paralamas e o Titãs provocam muito mais reflexão.

E antes que eu me esqueça, o Palavrantiga tem uma música excelente, "Deus, onde estás?", exatamente na linha que defendi no texto, mas que ficou de fora de seu primeiro álbum. Uma pena.