sexta-feira, 15 de abril de 2011

conhecendo suas influências


Uma das críticas mais contumazes que faço aos cristãos é sobre sua falta de memória. A maior parte simplesmente não se interessa em saber o nome dos compositores, por exemplo, da Harpa Cristã - se você frequentou alguma Assembleia de Deus, deve ter dezenas desses bons hinos guardados na memória pelo resto da vida.

Leonardo Gonçalves, um dos intérpretes mais respeitados da nova geração, dia desses citou Bill Gaither, compositor de "Porque Ele Vive", "Tocou-me" - entre outras canções que entoamos aos montes nas igrejas. A lembrança de Gaither, que eu mesmo desconhecia, mostrou o quanto não valorizamos artistas que auxiliaram a construir parte da história do Cristianismo.

Parte dessas influências, principalmente na música, são essenciais para os que almejam produzir algo original. Impossível pensar em romper barreiras, desbravar terrenos desconhecidos no universo musical sem conhecer seus pontos de apoio, limites e caminhos. A própria discussão em voga acerca do sagrado vs. profano é mais velha que nós mesmos.

Stevie Wonder, ícone pop da música americana, fez, faz e continuará fazendo crossover entre o dito gospel e o secular. Soube falar de amor e de Deus (mas Deus não é amor? Não falou sobre as mesmas coisas, apenas com focos distintos?) sem ser taxado com um rótulo. Sua obra, a qual reverencio cada vez mais, ecoou em campos seculares e cristãos.

"Love's In Need Of Love Today", de 1976, é exemplo disso. "O amor está em falta hoje, não demore, demonstre o seu. O ódio está por aí, destruindo muitos corações", alerta Wonder, no melhor estilo cristão possível. Anos mais tarde, a canção foi regravada por Fred Hammond - amigo do Kirk Franklin (pra dar uma referência válida pra quem não o conhece).