quinta-feira, 12 de maio de 2011

considerações acerca da união civil entre homossexuais.

The Guests

Muito tem sido discutido no universo cristão sobre a união civil entre homossexuais até aqui, um debate nem sempre sadio e de resultados positivos. Acompanhei tudo de perto, lendo textos aqui e acolá, embasando minha opinião com prudência e calma. Acho que chegou a hora de dar a cara a tapa e compartilhar um pouco do que penso sobre o tema neste espaço.

Em primeiro lugar, acho que poucos cristãos enxergam o tema na divisão que lhe é necessária: a esfera religiosa e a esfera cidadã. Se Cristo, em seu discurso aos fariseus (Mateus 22), fez a mesma divisão, quem sou eu para misturar no mesmo balaio questões tão díspares:
Então lhes disse Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. (Mateus 22:21)
No âmbito religioso, o homossexual comete pecado. Simples assim. E nem sou eu quem digo. Enquanto discípulo de Cristo, devo crer na Bíblia, onde não faltam referências contrárias ao relacionamento íntimo entre pessoas do mesmo sexo: Romanos 1:27; 1 Coríntios 6:9 e 10; e Levítico 20:13.

Saber disso, porém, não me dá o direito de acusá-lo, afinal, a mesma Bíblia que fala de condenação para a homossexualidade, fala de condenação para os julgadores. E desta vez, nas palavras do próprio Cristo:
Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós. (Mateus 7:2)
Se quero ser um bom cristão, devo orar pelos que erram, não apontar-lhes o dedo. Ou não está na Bíblia a instrução de que Cristo, depois de subir aos céus, nos enviaria o Ajudador (Espírito Santo), o qual seria capaz de nos convencer dos pecados que temos cometido?
Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. (João 16:7-11)
Fica então a dúvida, meus caros: é nosso insistente falatório que vai convencê-los do erro? Se não, nosso papel é orar por eles, para que o próprio Espírito Santo promova a mudança. Ao afrontá-los, estamos incitando o ódio, destoando do mandamento de que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. E só o amor promove mudanças.

Praying in Unity

Na esfera civil pública, o argumento é ainda mais simples: enquanto cidadão, todo o homossexual tem o dever de pagar impostos e o direito à saúde, escola, entre outros insumos básicos garantidos por lei. É natural que, para se manterem como iguais, como preconiza a legislação brasileira, em dado momento, eles buscariam a união civil estável -- apoiada por Marina Silva, uma das grandes defensoras da divisão fé & cidadania, já que o Estado é laico.

Obviamente, não estou convidando todos os cristãos a levantarem bandeiras de arco-íris e tomarem as ruas ao lado de casais homossexuais em favor da união civil. Esta é uma causa deles, e a eles cabe a defesa de seus direitos. A nós, resta apenas o dever de colocar joelhos no chão e não atrapalhá-los.

Se protestar e afrontar não funcionou até agora, quem sabe não é o momento de baixar a guarda, apelarmos para a fé e demonstrarmos o verdadeiro amor cristão?