sexta-feira, 23 de julho de 2010

max de castro

Conheci o Max de Castro por acaso. Estagiário na redação, fucei algumas caixas de um velho armário e após muitos espirros achei o empoeirado Orquestra Klaxon. Peguei emprestado para ouvir e imagine você o tamanho de minha surpresa ao notar que aquele rapaz de dreads e guitarras em mãos não tocava rock, aliás, quase isso, tocava um samba-rock-eletrônico.

Era Orquestra Klaxon, disco que abriu minha cabeça e, até hoje, é para mim a obra-prima do Max. A mistura de loops, violão de nylon e metais vai muito além do drum'n'bossa que se tornou enjoativo em trilhas de novela e filas de supermercado. O uso abusivo de synths pré-históricos também dá um clime moderno-retrô peculiar ao disco.

As letras também deixam de lado o clássico concioneiro bairrista do samba pra falar de política de um jeito diferente do comum. Em Mancha Roxa, por exemplo, é impossível ficar indiferente à "atrás da mais valia só não vai quem já morreu" - pena que só achei uma versão ao vivo para esta canção, minha favorita do disco.

A canção mais famosa do disco é A História da Morena Nua Que Abalou as Estruturas do Carnaval, letra genial do Erasmo Carlos em cima de uma base que lembra muito o pop, mas passa longe de ser previsível:

Precisava mesmo de videoclipe pra construir a cena na cabeça?

Aos poucos Max deixou de lado o ranço de sambista para se dedicar ainda mais a sua veia roqueira. No último disco, de 2006, apareceu com a boa Balanço das Horas, praticamente uma precursora da ondinha indie rock que tomou conta do cenário brasileiro pouco tempo depois. Tem uma pegada que lembra o Strokes, acrescido de toda a malemolência vocal de quem passou boa parte da vida cantando samba: