Em três meses de blog, não sei como ainda não tinha escrito sobre o Newworldson. Este quarteto canadense - que mais parece ter nascido e crescido na lama do Mississipi - une com perfeição a música folclórica americana. Soul, blues, gospel, tudo junto em composições surpreendentes.
Guiados pelo vocalista Joel Parisien, que também comanda pianos, hammonds e clavinetes com wah-wah, o Newworldson vai do James Brown ao Beach Boys. Em ritmo quase sempre sempre dançante, os quatro criativos meninos do Canadá extraem com maestria o melhor de seus instrumentos - baixo acústico, guitarra e bateria.
A ausência de elementos eletrônicos pode parecer limitadora para a maior parte dos músicos, mas não para o Newworldson. Em Salvation Station, segundo disco do grupo, os espaços são preenchidos com ótimas divisões rítmicas e arranjos sensivelmente elaborados. Quando falta algo, o o vocalista arrisca um beatbox.
As letras são de uma sinceridade incomum a artistas que não se vendem sob o rótulo de worship music. Working Man (Homem Trabalhador, em tradução livre), abre o disco deixando claro o objetivo principal do grupo. "Eu sou um homem trabalhador e deixo as coisas bem feitas / Trabalho para o Espírito Santo e trabalho para o Filho / Eu sou um homem trabalhador / Sou o agente especial do Cordeiro", entoa Joel Parisien.
Ouvir Salvation Station é passear pelo Sul dos Estados Unidos. Chega a ser difícil acreditar que quatro branquelos canadenses poderiam retratar tão bem a cultura deste representativo pedaço de chão. Mas confesso: não me lembro de ter ouvido um álbum tão renovado e, ao mesmo tempo, tão fiel às raízes da música negra americana.
Ouvir Salvation Station, antes de tudo, é aprender.
Isto sim é um bom groove