Muita gente ainda tem preconceito com a música evangélica. E com razão. A grande maioria das produções cristãs desconhece o significado da palavra "diferencial" e, visando o mercado seguro e temendo o preconceito dos crentes, investe em artistas de som pasteurizado.
O meio gospel trabalha com fórmulas ultrapassadas e raramente traz algo novo a seus ouvintes. Mas este problema não atinge só o mercado evangélico. O mundo fonográfico em geral demora a aceitar o novo — visto como não-lucrativo — e demora ainda mais para libertar os artistas de seus rótulos.
Mas o crescimento da internet, aumento do número de internautas e evolução das diferentes mídias — vídeos, fotos, áudios e textos — contribuem para a alforria dos cantores. Exemplos recentes são Mika e Artic Monkeys, que antes mesmo de lançarem seus LPs possuíam centenas de milhares de acessos nos respectivos myspaces.
Por isso é comum encontrar artistas consagrados que abandonam suas gravadoras para seguir carreira independente. No Brasil, Lobão foi pioneiro há anos atrás. Nos EUA, a última banda a conseguir liberdade foi o Switchfoot (Myspace), que rompeu com a Sony neste mês.
Por sinal, esta é a primeira banda indicada do post.
Os meninos começaram a fazer muito sucesso após o água-com-açúcar "Um Amor para Recordar". Além da boa "Dare You to Move", o filme emplacou "Only Hope" como hit certo no coração das meninas de 15 anos. Isto mesmo, aquela musiquinha cantada pela Mandy Moore em uma das cenas do filme é evangélica.
A segunda indicação também é americana e já foi mencionada no blog: o singer-songwriter Shawn McDonald (Myspace). Ele se diferencia do que você está acostumado a ouvir nas tags de folk. Baterias eletrônicas, ótimos samplers e sintetizadores dão texturas "espaciais" a melodias embaladas em uma voz rouca. A sensação ao ouvir Shawny de olhos fechados é contemplar um céu estrelado.
As letras fogem do lugar comum e trazem lindas prosas poéticas, sem necessariamente dizer "Jesus e Deus" a todo o momento. "Please give me reason to live / Please give me reason to breath", grita o vocalista em "Reason".
Os álbuns ao vivo são dispensáveis, mas "Simply Nothing" e "Ripen", ambos gravados em estúdio, são essenciais para os amantes de boa música — me permitam o chavão. Aqui está um vídeo caseiro feito por fãs. A canção é Reason, como devem perceber, uma das favoritas.
A última indicação vem para agradar os indiezinhos que estão lendo este texto. Maria Solheim (Myspace), da Noruega, é o nome da moça bonita de voz suave. Ela faz muito bem a linha indie-rock de Feist, Brisa Roché e até mesmo do trio Au Revoir Simone. O som é bem alternativo e a atitude é moderninha, com direito a canções disponíveis no site dela.
Cada faixa possui uma base instrumental diferente, que foge do convencional. De percussões a guitarras distorcidas, as músicas ganham corpo e alma na voz de Solheim. As letras abordam conflitos diários, problemas pessoais e frustrações amorosas. Bem diferentes do padrão gospel.
Ufa! Post longo, mas espero que gostem. Dicas dadas, aqueçam os ouvidos nos myspaces e coloquem seus Emules para trabalhar!